quarta-feira, 7 de maio de 2014

Volte para Jerusalém



O que eles podiam fazer agora? Voltar.  Não é isso o que a gente sempre faz quando o lugar pra onde estávamos indo fracassa?

Pra onde eles deveriam olhar? Para o chão.  Não é para o chão que olhamos sempre que perdemos as esperanças?

Com o que eles deviam sonhar? Com a vida que levavam antes. Não é nela que voltamos a pensar sempre que aquele grande sonho escapa por entre nossos dedos?

Aqueles homens não tinham mais o que fazer em Jerusalém. A gente não encontra motivos para ficar em um lugar onde Cristo não está, e era exatamente isso o que eles sentiam. Eles conversavam com os olhos marejados: a esperança para Israel não passara de um homem com poderes que fora torturado, crucificado e morto.

Quanta tristeza e desesperança. Você já sonhou muito com algo e, de repente, aquilo foi arrancado de diante dos seus olhos? Então você sabe como é estar sem esperanças.

No meio do caminho eles encontraram um homem curioso. Um homem que foi perguntando o motivo dos olhos marejados, do andar cabisbaixo, dos ombros caídos e da fala embargada. Os dois homens ficaram surpresos. Não ficaram surpresos porque encontraram um homem curioso, mas um homem que não sabia o motivo de tamanha tristeza: o Messias estava morto! Como assim o homem curioso não sabia disso?

“Nós esperávamos que Ele remisse Israel, mas Ele já está morto há três dias.” – foi o que respondeu um dos homens, e continuou: “E sabe o que é pior? Algumas mulheres foram ao sepulcro e não encontraram o seu corpo, disseram que viram anjos que avisaram que Ele está vivo. Mas como está vivo se ninguém O viu?”.

Não é exatamente assim que agimos quando não conseguimos enxergar Cristo em meio a toda essa bagunça nas nossas vidas? Não conseguimos enxergar o que Ele vê em nós e ao nosso redor, e nos juntamos às pessoas que dizem que também não O viram.

O homem curioso finalmente se pronuncia depois que eles falam de suas dores: “Como vocês demoram para entender e crer em tudo o que os profetas disseram! Era preciso que o Messias sofresse tudo isso e fosse ressuscitado no terceiro dia.” -  e ele não parou por aí. Foi lembrando passagem por passagem dos profetas, e tentando trazer esperanças para aqueles dois homens.

A conversa estava tão boa que, quando eles chegaram ao povoado, pediram para que o homem curioso ficasse com eles. Eles colocaram o pão na mesa, e sentaram-se para comer. O homem curioso sentou, levantou e partiu o pão, e deu graças a Deus.

Foi esse o momento. Era essa a lembrança mais bonita do Messias. Sempre foi tão bonito vê-lo ensinando-nos a agradecer pelo pão. Os Seus olhos marejavam nessa hora, Ele olhava para os céus através do telhado, Suas mãos seguravam firme o pão e Suas santas mãos partiam os pães e espalhavam o Seu amor e cuidado.

Foi essa a imagem que fez os olhos daqueles dois homens se abrirem. Eles estavam caminhando e conversando com o Messias o tempo todo. Era o Messias que estava com eles. MEU DEUS DO CÉU! Era o Messias.
“Como não sentimos queimar em nosso coração as palavras dele?” – eles perguntavam entre si. Mas o Messias havia desaparecido. Não estava mais ali entre eles. Ficou o pão partido na mesa.

Ouvi essa semana um relato sobre um missionário que contava essa história a pescadores. Quando o missionário falou que Jesus desapareceu, um deles perguntou:
“Pra onde Ele foi?”, e um pescador analfabeto respondeu como se fosse óbvio para todos:
“Ué! Pra dentro deles!”.

Faz todo o sentido, não é? 
Cristo caminha conosco, cuida do nosso caminhar, responde as nossas perguntas, e começa a nos mostrar quem ele realmente é e para o que veio. No início, questionamos ainda mais e ele, paciente, nos ensina um pouco mais. Finalmente, quando nossos olhos se abrem para o Cristo ele passa a morar dentro de nós.

Fé não é sentir arrepios, calafrios, vontade de chorar, vontade de gritar. Fé é quando não sentimos nada e ainda assim sabemos que Ele está aqui dentro.
Quando Ele está aqui dentro, nós voltamos a sonhar. Voltamos a acreditar. Voltamos a ter esperanças. Voltamos. Não foi isso o que aqueles dois homens fizeram? Eles voltaram para Jerusalém.

Eu não sei você, mas eu já estive como esses dois homens. E agora caminho de volta para Jerusalém avisando a todos pelo caminho que o Messias está vivo! Ele ressuscitou. A nossa esperança não se perdeu, mas ganhou a vida de Cristo. Nós vivemos porque Ele ressuscitou.
Você que estava indo para Emaús, tenha os seus olhos abertos e volte para Jerusalém.

Até quarta, gente! Se Deus quiser!
May Freire


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