O que eles podiam fazer agora? Voltar. Não é isso o que a gente sempre faz quando o
lugar pra onde estávamos indo fracassa?
Pra onde eles deveriam olhar?
Para o chão. Não é para o chão que
olhamos sempre que perdemos as esperanças?
Com o que eles deviam sonhar? Com
a vida que levavam antes. Não é nela que voltamos a pensar sempre que aquele
grande sonho escapa por entre nossos dedos?
Aqueles homens não tinham mais o
que fazer em Jerusalém. A gente não encontra motivos para ficar em um lugar
onde Cristo não está, e era exatamente isso o que eles sentiam. Eles
conversavam com os olhos marejados: a esperança para Israel não passara de um
homem com poderes que fora torturado, crucificado e morto.
Quanta tristeza e desesperança.
Você já sonhou muito com algo e, de repente, aquilo foi arrancado de diante dos
seus olhos? Então você sabe como é estar sem esperanças.
No meio do caminho eles
encontraram um homem curioso. Um homem que foi perguntando o motivo dos olhos
marejados, do andar cabisbaixo, dos ombros caídos e da fala embargada. Os dois
homens ficaram surpresos. Não ficaram surpresos porque encontraram um homem
curioso, mas um homem que não sabia o motivo de tamanha tristeza: o Messias
estava morto! Como assim o homem curioso não sabia disso?
“Nós esperávamos que Ele remisse
Israel, mas Ele já está morto há três dias.” – foi o que respondeu um dos
homens, e continuou: “E sabe o que é pior? Algumas mulheres foram ao sepulcro e
não encontraram o seu corpo, disseram que viram anjos que avisaram que Ele está
vivo. Mas como está vivo se ninguém O viu?”.
Não é exatamente assim que agimos
quando não conseguimos enxergar Cristo em meio a toda essa bagunça nas nossas
vidas? Não conseguimos enxergar o que Ele vê em nós e ao nosso redor, e nos
juntamos às pessoas que dizem que também não O viram.
O homem curioso finalmente se
pronuncia depois que eles falam de suas dores: “Como vocês demoram para
entender e crer em tudo o que os profetas disseram! Era preciso que o Messias
sofresse tudo isso e fosse ressuscitado no terceiro dia.” - e ele não parou por aí. Foi lembrando
passagem por passagem dos profetas, e tentando trazer esperanças para aqueles
dois homens.
A conversa estava tão boa que,
quando eles chegaram ao povoado, pediram para que o homem curioso ficasse com
eles. Eles colocaram o pão na mesa, e sentaram-se para comer. O homem curioso
sentou, levantou e partiu o pão, e deu graças a Deus.
Foi esse o momento. Era essa a
lembrança mais bonita do Messias. Sempre foi tão bonito vê-lo ensinando-nos a
agradecer pelo pão. Os Seus olhos marejavam nessa hora, Ele olhava para os céus
através do telhado, Suas mãos seguravam firme o pão e Suas santas mãos partiam
os pães e espalhavam o Seu amor e cuidado.
Foi essa a imagem que fez os
olhos daqueles dois homens se abrirem. Eles estavam caminhando e conversando
com o Messias o tempo todo. Era o Messias que estava com eles. MEU DEUS DO CÉU!
Era o Messias.
“Como não sentimos queimar em
nosso coração as palavras dele?” – eles perguntavam entre si. Mas o Messias
havia desaparecido. Não estava mais ali entre eles. Ficou o pão partido na
mesa.
Ouvi essa semana um relato sobre
um missionário que contava essa história a pescadores. Quando o missionário
falou que Jesus desapareceu, um deles perguntou:
“Pra onde Ele foi?”, e um
pescador analfabeto respondeu como se fosse óbvio para todos:
“Ué! Pra dentro deles!”.
Faz todo o sentido, não é?
Cristo
caminha conosco, cuida do nosso caminhar, responde as nossas perguntas, e
começa a nos mostrar quem ele realmente é e para o que veio. No início,
questionamos ainda mais e ele, paciente, nos ensina um pouco mais. Finalmente,
quando nossos olhos se abrem para o Cristo ele passa a morar dentro de nós.
Fé não é sentir arrepios,
calafrios, vontade de chorar, vontade de gritar. Fé é quando não sentimos nada
e ainda assim sabemos que Ele está aqui dentro.
Quando Ele está aqui dentro, nós
voltamos a sonhar. Voltamos a acreditar. Voltamos a ter esperanças. Voltamos.
Não foi isso o que aqueles dois homens fizeram? Eles voltaram para Jerusalém.
Eu não sei você, mas eu já estive
como esses dois homens. E agora caminho de volta para Jerusalém avisando a
todos pelo caminho que o Messias está vivo! Ele ressuscitou. A nossa esperança
não se perdeu, mas ganhou a vida de Cristo. Nós vivemos porque Ele ressuscitou.
Você que estava indo para Emaús,
tenha os seus olhos abertos e volte para Jerusalém.
Até quarta, gente! Se Deus
quiser!
May Freire
Nenhum comentário:
Postar um comentário