quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pra vocês que cresceram


Você não lembra, mas braços cautelosos te seguraram durante meses até que você conseguisse ter mais firmeza para se sustentar. Você também não lembra, mas qualquer coisinha mais colorida ou barulhenta atraía a sua atenção mais do que qualquer coisa. Você não lembra, mas foi alimentado por mãos cuidadosas e olhos atentos a qualquer perigo que pudesse te rodear.
Você consegue lembrar qual foi a primeira palavra que você disse? E no que pensou enquanto dizia? Acho que é mais fácil se lembrar da primeira palavra que você escreveu, né? Talvez não.

Difícil pensar na nossa infância nos lembrando dos detalhes, mas temos certeza de que tinha alguém ali atento a todos os nossos passos. Não foi assim quando aceitamos a Cristo?

Fomos bebês alimentados e carregados por ele, cercados de cuidados e olhares nos mostrando como andar, como pegar, como se comportar, como orar, como abrir a Bíblia e saber usá-la melhor que um dicionário.
O alimento foi ficando mais forte, mais sólido, e já não sentíamos mais aquelas mãos o tempo inteiro nas nossas costas nos segurando como bebês.
Pra você que cresceu, talvez você esteja como eu: se sentindo como um filho sentindo aquele tapinha nas costas do seu pai na porta do colégio seguido de um “Agora é com você, filho”. 

Quando o plano da cruz foi traçado antes da fundação do mundo, nunca esteve nos planos de Cristo fazer de mim e de você meras marionetes bitoladas repetindo salmos e cantando hipocrisia aos quatro ventos. O plano dele era acompanhar o nosso crescimento. Conviver conosco durante toda a nossa infância, nos ensinar a viver, mas nunca nos prender, nos aprisionar como pássaros. Não. 
Quando crescemos, não há como nos esquecer de quem nos trouxe até aqui, mas Ele nos dá a chance de mostrar que não esqueceremos.

Não é hora de recorrer a líderes, pastores e discipuladores. Aprendemos com Cristo como viver e é hora de vivermos tudo isso. Colocar a nossa mochila nas costas e peregrinar.  Não somos mais as crianças que são atraídas por cores mais vibrantes ou barulhos diferentes. 
Não somos mais as crianças que se encantam com qualquer ensinamento, que não consulta as escrituras, que espera o amiguinho chegar para orar junto. Não somos mais as crianças que precisam de olhares atenciosos sobre elas o tempo inteiro, não somos mais os bebês que não saem do colo, não somos mais os que temem o terror noturno e os que são assolados pelo medo diariamente.

Para nós que crescemos, tudo mudou.

Pecávamos porque o pecado nos satisfazia. Hoje conhecemos quem é melhor e mais desejável do que nossa própria vida, e já não lutamos contra os terrores e fantasmas da infância, mas contra as astutas dos nossos desejos que entram na ponta do pé por algo aparentemente inocente e, de repente, pode nos tomar por inteiro.

Agora precisamos treinar nosso reflexo, nossos ouvidos, nossas mentes. Precisamos ser ágeis e calmos como Cristo foi conosco. Precisamos deixar que Ele esteja vivo em nós, cada dia mais vivo, mais intenso. 

Quando éramos crianças, talvez não notássemos Cristo nas ruas. Mas somos adultos, meu caro, olhe ao seu redor: Ele está em todos os lugares.

“Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram'.”

(Mateus 25:35 e 36)


Até quarta, gente! Se Deus quiser.

May Freire

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