E os dias maus, meu caro? Onde
estão eles? Bem diante dos nossos olhos.
Embarcamos, finalmente. Estamos
todos no barco indo em direção ao que o Pai quer, porque decidimos confiar a
Ele nossas vidas e a direção do barco. Ele dita o rumo e nós simplesmente
seguimos. Não importa a distância, o tempo que vamos levar, os dias de sol e
chuva que passarão diante dos nossos olhos: estamos com Ele e nada mais
importa.
Mas estamos em um barco, no meio
do mar, sujeitos a tempestades. Grandes tempestades.
Acho que as tempestades são os
dias maus que sabemos que existirão em nossos breves dias aqui.
O dia está lindo, correndo tudo
bem, mas o céu não avisa ninguém quando vai enegrecer. O tempo fecha a cara e
não podemos fazer nada. Mal acostumados, pensamos que sobre o tempo teremos
controle, afinal, temos o controle de tantas coisas. Mas a tempestade vem, o
barco parece partir ao meio, e naufragamos.
Ah sim... Jesus nunca disse que
impediria o naufrágio.
Tantos naufragaram. Nós também iremos. A chuva nos
alcançou agora, estamos afundando, a pressão da água parece que vai estourar
nossos ouvidos, é difícil voltar à superfície pra buscar um pouco de ar. Mais
um pouco, perderemos a consciência e tudo o que irá respirar dentro de nós são
essa tristeza e esse medo absurdo do que virá.
Mas uma hora eu e você acordaremos na beira da
praia, em terra firme, com o sol sob nós, e quando levantarmos os olhos ainda
nos acostumando com a claridade, veremos os pés do nosso rabino que tanto
caminhou na praia.
Ele nos espera depois do naufrágio, em terra firme.
Comeremos e beberemos com ele, cantaremos ao anoitecer sob a luz de um
fogueira, dormiremos ouvindo Sua respiração ao nosso lado e, depois que tudo
isso passar, voltaremos a caminhar e a naufragar e a encontra-Lo em meio a toda
essa confusão de sermos e estarmos aqui, simplesmente.
Até quarta, se Deus quiser!
May Freire
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