Quem nunca
reclamou da estação?
Esse calor
que parece derreter tudo dentro da gente? E o inverno que faz nossos ossos
doerem e fica quase impossível caminhar? E aqueles ventos que carregam areia
pra dentro dos nossos olhos? Você já deve ter reclamado disso tudo alguma vez,
principalmente, se algum desses fenômenos atrapalhou aquele seu passeio, aquela
sua saída com os amigos, aquela tarde no parque ou aquele show do seu cantor
preferido.
Não é
exatamente assim na nossa vida?
Estações
estão fora do nosso controle, e acontecem independente do nosso querer.
Quantas
vezes estamos bem, o sol irradiando nossas vidas, o calor das pessoas ao nosso
redor nos deixando confortável e, de repente, o céu fica nublado e é hora de
cravar mais uma cruz no cemitério? Ou, quantas vezes estamos colhendo flores
num dia quente e o diagnóstico chega de forma inesperada esfregando na nossa
cara que, não importa o que a gente faça, a gente não pode fazer nada pra
impedir?
Estações.
Já ouvi
tantas pessoas falarem sobre as suas estações... Sobre seus verões, outonos,
primaveras e sobre os seus invernos mais frios e solitários. Nunca te passou
pela cabeça que algumas dessas estações soam injustas? Parece uma brincadeira
de muito mau gosto com quem só tentou viver da melhor forma possível?
Nós temos
uma pressa tão nervosa, um modernismo irritante. As contas bancárias são
movimentadas o tempo inteiro em questão de segundos, a comunicação ainda me
assombra com toda essa tecnologia, e o GPS então... Nem se fala! Já percebeu o
quanto cobramos que Deus se curve a essa pressa? Que Deus acompanhe todo esse
modernismo e nos atenda como somos atendidos quando enviamos um e-mail?
Queremos que Deus deixe de lado o processo natural das coisas, e queremos
colocá-lo no ritmo da nossa neura.
Estações.
Quando Deus
criou as estações – e não nos pertence saber por que e como Deus estabeleceu
cada uma delas, sejam as estações naturais ou essas que vivemos dentro de nós
-, Ele queria nos mostrar que não veio trazer uma vida perfeita, sem dor, sem
lágrimas, sem momentos de profunda angústia. Quando Ele criou cada estação, Ele
pensava nos momentos que teríamos com Ele.
As noites
de inverno que passaríamos abraçados nele tentando aquecer nosso coração frio e
solitário, as tardes de outono que dividiríamos o pão com alguém que não
encontrou o que comer entre galhos mortificados e folhas secas carregadas pelo
vento. As muitas manhãs de verão que sairíamos para caminhar com ele antes
mesmo do sol nascer, e as primaveras...
Ah! As
primaveras.
Essa
estação é tão especial para Ele. Ele sai por entre os jardins colhendo as
flores mais coloridas, as mais perfumadas, e então enfeita a nossa vida e nos
deixa em paz apesar de tudo o que está acontecendo ao nosso redor.
Como ser
testemunha de um Deus que pensa em tudo isso se não aceitamos viver as
estações? Se não deixamos nosso corpo criar resistência para os invernos mais
rigorosos, se não deixamos Ele nos mostrar o abrigo para nos proteger dos
temporais? Como ser testemunha se só queremos viver do nosso jeito? Se somos
egoístas e achamos que Ele nos abandonou porque está frio lá fora, porque nada
nos aquece, porque o temporal nos atingiu e estamos naufragando?
Somos
treinados pelas estações, elas nos envia para os confins da Terra para levarmos
a paz que Ele nos dá em qualquer estação. A certeza de que Ele está conosco em
qualquer estação é maior do que qualquer tesouro.
Quando
estamos naufragando, é na presença dele que pensamos. É no colo dele. É no
abrigo dele. Quando estamos tremendo o queixo de frio, é pro seu abraço que
corremos. Quando a notícia não é boa, é para os seus olhos que olhamos, são as
suas mãos que buscamos. Quando as palavras machucam, é na cruz que encontramos
o motivo para continuar.
Estações...
Estás só com Deus?
Até quarta-feira, gente!
May Freire
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