quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

(Estás só)Estações com Deus?



Quem nunca reclamou da estação? 

Esse calor que parece derreter tudo dentro da gente? E o inverno que faz nossos ossos doerem e fica quase impossível caminhar? E aqueles ventos que carregam areia pra dentro dos nossos olhos? Você já deve ter reclamado disso tudo alguma vez, principalmente, se algum desses fenômenos atrapalhou aquele seu passeio, aquela sua saída com os amigos, aquela tarde no parque ou aquele show do seu cantor preferido.

Não é exatamente assim na nossa vida?

Estações estão fora do nosso controle, e acontecem independente do nosso querer.
Quantas vezes estamos bem, o sol irradiando nossas vidas, o calor das pessoas ao nosso redor nos deixando confortável e, de repente, o céu fica nublado e é hora de cravar mais uma cruz no cemitério? Ou, quantas vezes estamos colhendo flores num dia quente e o diagnóstico chega de forma inesperada esfregando na nossa cara que, não importa o que a gente faça, a gente não pode fazer nada pra impedir?
Estações.

Já ouvi tantas pessoas falarem sobre as suas estações... Sobre seus verões, outonos, primaveras e sobre os seus invernos mais frios e solitários. Nunca te passou pela cabeça que algumas dessas estações soam injustas? Parece uma brincadeira de muito mau gosto com quem só tentou viver da melhor forma possível? 

Nós temos uma pressa tão nervosa, um modernismo irritante. As contas bancárias são movimentadas o tempo inteiro em questão de segundos, a comunicação ainda me assombra com toda essa tecnologia, e o GPS então... Nem se fala! Já percebeu o quanto cobramos que Deus se curve a essa pressa? Que Deus acompanhe todo esse modernismo e nos atenda como somos atendidos quando enviamos um e-mail? Queremos que Deus deixe de lado o processo natural das coisas, e queremos colocá-lo no ritmo da nossa neura.
Estações.

Quando Deus criou as estações – e não nos pertence saber por que e como Deus estabeleceu cada uma delas, sejam as estações naturais ou essas que vivemos dentro de nós -, Ele queria nos mostrar que não veio trazer uma vida perfeita, sem dor, sem lágrimas, sem momentos de profunda angústia. Quando Ele criou cada estação, Ele pensava nos momentos que teríamos com Ele.
As noites de inverno que passaríamos abraçados nele tentando aquecer nosso coração frio e solitário, as tardes de outono que dividiríamos o pão com alguém que não encontrou o que comer entre galhos mortificados e folhas secas carregadas pelo vento. As muitas manhãs de verão que sairíamos para caminhar com ele antes mesmo do sol nascer, e as primaveras... 

Ah! As primaveras. 

Essa estação é tão especial para Ele. Ele sai por entre os jardins colhendo as flores mais coloridas, as mais perfumadas, e então enfeita a nossa vida e nos deixa em paz apesar de tudo o que está acontecendo ao nosso redor. 

Como ser testemunha de um Deus que pensa em tudo isso se não aceitamos viver as estações? Se não deixamos nosso corpo criar resistência para os invernos mais rigorosos, se não deixamos Ele nos mostrar o abrigo para nos proteger dos temporais? Como ser testemunha se só queremos viver do nosso jeito? Se somos egoístas e achamos que Ele nos abandonou porque está frio lá fora, porque nada nos aquece, porque o temporal nos atingiu e estamos naufragando?

Somos treinados pelas estações, elas nos envia para os confins da Terra para levarmos a paz que Ele nos dá em qualquer estação. A certeza de que Ele está conosco em qualquer estação é maior do que qualquer tesouro. 

Quando estamos naufragando, é na presença dele que pensamos. É no colo dele. É no abrigo dele. Quando estamos tremendo o queixo de frio, é pro seu abraço que corremos. Quando a notícia não é boa, é para os seus olhos que olhamos, são as suas mãos que buscamos. Quando as palavras machucam, é na cruz que encontramos o motivo para continuar.

Estações... Estás só com Deus? 

Se estás, estás na melhor companhia. 

Até quarta-feira, gente!

May Freire

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