Quatrocentos anos.
Esse foi o tempo que correu desde o último profeta bíblico
até o nascimento de Cristo.
Tempo de desespero, frustração e esperança de que o Messias
viria fazer justiça pelo povo de Israel. O Messias viria para aterrar os vales,
nivelar os montes, retificar o que era torto e aplanar os lugares escabrosos.
Quem estivesse em trevas e vivesse na sombra da morte viria à luz.
Quatrocentos anos esperando o Rei dos Reis.
Esperança.
Após quatrocentos anos de espera,
rumores de que o filho de um carpinteiro de Nazaré era o Messias começaram a
surgir. Depois que os milagres começaram a acontecer, a especulação só
aumentou: quem era Jesus? Será que era o Messias tão esperado?
Os judeus viram com seus próprios olhos os milagres
acontecerem: o coxo andar, o cego enxergar, o morto ressuscitar, e muitos
outros. Alguns judeus chegavam a falar que Deus estava visitando o Seu povo
naqueles dias, depois de tanto tempo. A esperança reascendeu. O sorriso voltou
aos lábios.
Mas alguns permaneciam céticos.
Jesus cumpriu todas as promessas messiânicas. Tudo o que os
profetas falaram acerca de Cristo e do que aconteceria nos dias em que Ele
estivesse como homem na terra se cumpriu, porém, não foi da maneira como todos
esperavam.
Os judeus esperavam um rei. Esperavam um rei nascido entre a
alta sociedade, alguém que precisasse marcar hora para encontrar – e não seria
qualquer um que conseguiria falar com ele. Eles esperavam alguém que tomasse o
lugar de Cesar, alguém de bons costumes, de etiqueta, que usasse roupas de
linho fino e ouro.
Eles esperavam alguém que viria se vingar de todo mal que o
povo de Israel sofreu, alguém que esfregaria a justiça na cara dos inimigos,
alguém de quem os judeus se gabariam dizendo:
- Tá vendo, aí? Eu disse que o Messias viria matar todos
vocês!
Mas os judeus encontraram o Emanuel – Deus entre os homens.
Eles jamais puderam imaginar que Jesus viria trazer o amor,
que chamaria os gentios para se unir a Ele, que viria na contramão de toda a
religiosidade e costume judaico.
Nós nunca encontraremos Cristo caminhando na mesma direção
que nós. Nós nunca nos converteremos a Ele porque encontramos Cristo numa
esquina qualquer indo na mesma direção que nós.
Cristo sempre estará na contramão. Cristo sempre irá nos
surpreender.
Os judeus sentiram-se frustrados ao ver o homem que se dizia
o Messias: simples, humilde, andando entre o povo ferido, sujo e triste. Os
judeus foram incapazes de sentir a majestade do Rei que estava entre eles. Jesus
se uniu às viúvas, pobres, pescadores, doentes.
A insensibilidade nos afasta das surpresas de Jesus pra nós,
as expectativas erradas nos frustram porque não sabemos esperar o que está no
coração de Deus, mas insistimos em esperar aquilo que achamos que deve ser, que
deve valer.
Em nossa caminhada com Cristo, sempre estaremos conhecendo um
pouco mais do Seu caráter. Nunca saberemos tudo a Seu respeito.
Jesus veio para nos salvar, mas a primeira lição que nos
passou, ainda recém-nascido, é que Deus nos surpreende com sua generosidade e
amor, com sua humildade e compaixão e que Cristo sempre irá contradizer nosso
modo de viver e pensar.
Ainda hoje vemos nos olhos dos judeus a frustração da
expectativa criada em cima de algo que nunca irá acontecer. Passados mais de
dois mil anos, a decepção continua corroendo a alma de milhares de pessoas que
não entenderam a vida de Cristo.
Cada vez que não entendemos o amor de Cristo e não O
aceitamos contradizendo tudo o que vivemos, nossa voz ecoa junto com a voz da multidão
que gritou:
- Crucifica-O!
E o sangue desce pela cruz que está vazia, mais ainda
manchada de sangue... Por amor a você.
Você consegue ouvir Jesus dizendo pra você quem Ele é?
- Eu Sou.
Até quinta, gente!
May Freire
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