Preparando o solo
“Eis que o semeador saiu a
semear…”
(Mateus 13:3b)
Meu avô
paterno faleceu ano passado, vivi poucos anos com ele porque ele morava em
Pernambuco – e lá em meados do ano 2000, morei alguns anos lá. Ele tinha um
sítio, onde saía todos os dias para cuidar do que havia plantado, além do gado
e das galinhas e dos cavalos e bichos que ainda hoje me dão medo.
O que sempre
me chamou atenção era o cuidado que ele tinha com a terra antes de semear. Ele
plantava feijão, milho, batata doce e mandioca. Era um processo muito rápido o
de jogar as sementes, mas o preparo da terra era muito chato. Ele vivia
resmungando pela casa que os trabalhadores não faziam certo, que ainda tinha
mato, pedras e bichos que iriam atrapalhar as sementes. Ele se irritava,
gritava pela casa comigo, com minhas tias e minha avó. Era engraçado vê-lo com
as botas de salto, pisando duro, cuspindo no quintal e remexendo a espingarda
como se quisesse matar alguém.
Quando li a
parábola do semeador, entendi algumas coisas que foram muito importantes pra
mim. Já ouvi pregações sobre os vários lugares onde as sementes caíram, mas
nunca sobre o solo que fora preparado antes do semeador sair com suas sementes
para jogar na terra.
Antes de
lançar as sementes, o agricultor precisa trabalhar a terra, revolver a terra e
remover pedras, arrancar tocos, plantas de raízes fortes e profundas que irão
prejudicar o crescimento da plantação.
O mesmo
acontece conosco: precisamos trabalhar o nosso coração, revolver a terra,
remover as pedras, arrancar tocos e plantas de raízes fortes e profundas antes
que o semeador jogue suas sementes. Mas como fazer isso quando somos fracos,
pecadores e, muitas vezes, omitimos nosso passado diante de Deus como se Ele
não soubesse de nada?
É difícil mexer
no passado, mexer em coisas que temos vergonha de lembrar, vergonha de
confessar. Preferimos frequentar a igreja, orar, louvar e buscar a Deus
fingindo que nada aconteceu simplesmente porque não temos coragem de sermos
sinceros e confessarmos o que tanto nos incomoda.
A confissão é
para a nossa alma o mesmo que é para a terra a sua preparação para o plantio.
Quando confessamos nossas fraquezas e pecados diante de Deus, estamos dizendo:
“Senhor, percorra todo esse solo e me ajude a retirar tudo o que irá atrapalhar
o desenvolvimento da semente que o Senhor quer plantar em meu coração”.
Precisamos
aprender a chegar diante de Deus e sermos sinceros, olhar todo o terreno e
falar: “Senhor, tá vendo aquela pedra de promiscuidade ali? Eu não consigo
tirar, me ajuda? Tá vendo aquela planta alta e forte ali? É a planta do
egoísmo, me ajude a arrancá-la. Aquela árvore da culpa e do medo tem raízes
profundas e muitos espinhos, me ajude e tirá-la? Ali há alguns metros, tem uma
boa parte de terra seca que não consigo revolver, me ajude também”.
Só aí Jesus
irá percorrer todo o solo com seus instrumentos de trabalho e irá revolver a
terra, capinar, remover o que não presta e preparar o solo para a semente. Ele
irá preparar o Seu coração para a Sua santa Palavra. Ele irá preparar o seu
coração para o fruto.
Quando você
confessa diante de Deus, você busca perdão. Você admite o erro. Você admite sua
pequenez. Você pede ajuda. Você deixa Ele te ajudar a cuidar da terra.
Você tem
sentido que as sementes não germinam em seu coração, te faço um pergunta:
Você tem
ocultado segredos de Deus? O que saiu dos limites na sua vida? Você tem
escondido assuntos em gavetas fechadas com chave? Existe alguma parte do seu
passado ou presente que você espera nunca discutir com Deus?
A confissão
diante de Deus é para a alma o mesmo que o preparo é para a terra.
Que o Espírito
te convença a se aproximar de Cristo na mais profunda sinceridade e confissão,
para que a semente da Palavra seja plantada em um solo fértil e bem preparado,
para que germine e dê frutos para o Reino de Cristo.
Até quinta,
gente!
May Freire
Perfeito, arrasou de novo May!
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