Eu andava com dificuldade. Sentia meus joelhos enfraquecerem
a cada passo, minhas pernas tremiam, meus estômago ardia e as lágrimas não me
deixavam enxergar nada a minha frente. A dor que eu sentia parecia tomar conta
de mim por inteira, a vergonha não me deixava olhar no espelho.
Eu não entendia como tinha chegado àquele ponto. Eu não entendia porque tinha acontecido
comigo. Eu só chorava.
Eu me sentia só. O eco trazia minha voz embargada. Ninguém me
ouvia.
Eu me arrastava. Me arrastei de uma igreja à outra,
colecionando feridas que não cicatrizavam nunca. Fingia estar envolvida no que
cantava, no que tocava, no que fazia lá dentro; mas alguma coisa dentro de mim
se esvaía a cada culto, a cada ensaio.
Foi aí que eu vi Jesus passar. Ele me viu olhar. Quando meus
olhos encontraram os Dele, eu parei de caminhar. Meus ombros ardiam, meu corpo
doía. Eu parei de caminhar porque Ele jamais viria ao meu encontro, Ele jamais
se importaria com as minhas feridas. Eu não acreditava mais.
Eu só pensava “Se Ele vier, quem sou eu pra olhar nos olhos
de Jesus? Pra ser tocada por Ele?”, bastaram alguns segundos e eu senti Suas
mãos tocarem meu rosto.
Eu levantei o rosto, e entre uma lágrima e outra, pude ver
Seus olhos marejados. Naquele instante, eu entendi que Ele sentia a mesma dor
que eu. Eu entendi que Ele sabia exatamente o que eu estava sentindo e, mais do
que isso, Ele também sentia.
Ele fechou meus olhos com seus polegares, e então ouvi o Seu
suspiro.
Ele me viu sofrendo, Ele suspirou e me curou. Foi como se Ele
dissesse:
- Ufa, May! Estamos curados!
Ele suspirou comigo como suspirou com o surdo em Decápolis,
como narra o texto de Marcos 7:31.
Pra Jesus é insuportável ver alguém sofrendo. Eu imagino a
dor de Jesus quando viu aquele surdo que falava dificilmente, que sofria tanto
preconceito. Ele não aguentou, suspirou e disse “Efatá!”, ou seja, “Basta!”,
“Chega!”, “Acabou seu sofrimento”.
O surdo passou a ouvir e falar perfeitamente.
O suspiro de Jesus é tão profundo que palavras não podem
descrever tamanho amor, tamanha compaixão.
As pessoas sabem exatamente onde nos atingir. É como se o
diabo desse uma arma para elas e apontasse o alvo:
- Ali. Acerta bem ali!
E elas acertam. Acertam em cheio. Cambaleamos, ficamos tontos
sem entender o que realmente aconteceu. E aí elas continuam e nos questionam
com seus olhares e palavras sórdidas:
- E agora? Onde está Jesus?
Como dizer onde está Jesus quando estamos feridos,
machucados, desanimados?
Como dizer que O sentimos quando não conseguimos levantar as
mãos para adorar?
Você é capaz de dizer que Ele é suficiente? Você é capaz de
se lembrar do que te traz esperança nos dias maus? Você é capaz de pegar toda a
sua dor e transformá-la num verdadeiro descanso?
Até onde vai a sua confiança em Cristo?
É quando estamos afogando, é quando as ondas passam por cima
da gente com força, é quando nosso corpo é revirado como uma folha de papel
pelas fortes correntezas... É nessa hora que precisamos nos lembrar de quem
servimos, quem é Cristo, quem está conosco, quem acalma o mar.
Jesus Cristo veio para acalmar o mar, para nos dar segurança,
para nos dar descanso, para suspirar todas as vezes que tocar em nossa ferida e
sentir a nossa dor.
Pra quê se desesperar agora?
Pai, eu estou satisfeita em Ti!
P.s: pessoal, hoje vou indicar uma música lindíssima
“Satisfeito em Ti” do Brian Eichelberger. Vale à pena ver o vídeo com a
tradução. Essa música nos inspira a ter um momento de profunda sinceridade com
Deus, o Criador.
Até quinta, gente!
May Freire
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